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Taxa Selic volta a subir depois de baixas de quase seis anos

Durante quase seis anos, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) diminuiu sucessivamente a taxa básica de juros (Selic) no Brasil, respondendo a tempos de inflação baixa e a uma antiga demanda de indústrias e empresas, que queriam juros baixos para conseguir crédito mais barato e, assim, serem mais produtivas.



Esse ciclo de seis anos acabou nesta quarta-feira, dia 17, quando o Copom decidiu por unanimidade elevar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, de 2% para 2,75%. A expectativa é de que nos próximos meses ocorram mais altas.



 

Por trás dessa mudança de rumo na política monetária está, principalmente, a preocupação com a inflação, que tem subido acima do esperado. Mas os efeitos de juros mais altos vão além disso: embora o impacto de curto prazo para a população em geral seja visto como pequeno, economistas explicam que, no longo prazo, a tendência de alta da Selic vai ter efeitos importantes no câmbio (ou seja, no valor do real perante o dólar) e na economia, com respingos na política. Além disso, a mudança na Selic já tem provocado reações negativas de entidades que representam a indústria e o comércio.

 

A inflação aumentou

A inflação começou, recentemente, a dar sinais de que estava ganhando ímpeto. Na semana passada, o IBGE calculou o IPCA (um dos índices que mede a inflação) de fevereiro em 0,86%, o maior registrado nesse mês desde 2016 e puxado pela alta nos combustíveis.

Em um cenário mais amplo, ao longo de um ano de pandemia (março de 2020 a fevereiro de 2021), a inflação sentida pelas pessoas mais pobres chegou a 6,75%, segundo cálculos do Ipea noticiados pela BBC News Brasil. E a expectativa é de que a inflação continue subindo ao longo de 2021.

 

Impactos na população

Ainda não está claro até qual patamar o Copom elevará a Selic neste ano, porque isso vai depender não só do comportamento da inflação, mas de variáveis que estão longe do controle do Banco Central e que impactam muito a economia, como os níveis de emprego e consumo e até mesmo o ritmo de vacinação da população contra a Covid-19.



Para a população em geral, os impactos de curto prazo serão pequenos: o crédito tende a ficar um pouco mais caro e o câmbio, um pouco mais estável, com o real um pouco mais valorizado perante o dólar, o que reduz a pressão inflacionária sobre combustíveis, por exemplo.





O crédito imobiliário, que se beneficiou de uma Selic mais baixa, não deve sentir tantas oscilações no curto prazo, porque a taxa de juros praticada estava abaixo dos padrões históricos do país. Mas a baixa da inflação, de fato, só deve ser sentida ao longo de um período mais longo, já perto do final de 2021. Para quem tem investimentos em renda fixa (como Tesouro Direto), a alta da Selic vai tornar essas aplicações um pouco mais rentáveis.



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