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Janaíne Hilgert: “Câncer não é sentença de morte. Nem mesmo o infantil”

Esta quarta-feira, 15 de fevereiro, é o Dia Internacional de Luta Contra o Câncer Infantil. Criado para incentivar a discussão e a criação de políticas públicas de saúde voltadas para o atendimento e tratamento das crianças com o diagnóstico da doença, a data também é especial para a família da empresária de Tupandi Janaíne Patrícia Hilgert, 36 anos e para seu filho mais velho, Matheus, que está prestes a completar 5 anos de muita felicidade.

Essa felicidade é ainda mais valiosa para a família porque o pequeno Matheus teve que ser guerreiro desde os primeiros meses de vida. Diagnosticado com tumor de Wilms, um tipo de câncer comum em crianças, antes de completar um ano, o menino venceu a doença e hoje tem uma vida normal apenas com acompanhamentos periódicos como prevenção a qualquer indicio de retorno desta. A mãe Janaíne conta como tudo ocorreu. “Tudo começou cerca de 20 dias antes do Matheus completar um ano. Ele tinha dor na barriga, porém, como era bebê não podia reclamar e nos falar o que estava sentindo, sabíamos que algo estava errado porque ele chorava.” Ela lembra que teve uma ocasião em especial que marcou o início da luta do filho pela vida. “Eu estava grávida da Isadora, minha segunda filha, e fomos fazer fotos de gestante com o Matheus. Em um momento eu o levantei e sem querer devo ter apertado o abdômen dele. Chorou muito. Acredito que foi a forma de pegar que deve ter apertado na área do tumor e ele reclamava muito de dor. A evolução da doença foi muito rápida e o crescimento da barriguinha também e isso devia incomodar muito ele.”

Casada com o também empresário Alessandro Rosa da Costa, 33 anos, ela tem além do Matheus e da Isadora a pequena Giovana, de 1 ano. “Nesse dia das fotos, devido à reação do nosso filho, fomos ao posto aqui do Município e ali já suspeitaram de algo mais sério. O tumor de Wilms que foi o que o Matheus teve, é muito comum em crianças. Apesar de ser maligno, não é extremamente agressivo, daqueles que se espalham por outros órgãos”, explica Janaíne. “Só que nos exames de imagem feitos aqui em Tupandi não deu para ver direito, eles tinham apenas uma suspeita. Então fomos encaminhados a Montenegro e depois ao Hospital da Criança Santo Antônio da Santa Casa de Porto Alegre. Havia uma massa, sem entender bem de onde ela estava enraizada,  já com 13 cm de tamanho. Até então não se tinha certeza de que seria um câncer, pois, poderia ser algo mais simples, como um cisto. Eu torci até o último momento para que fosse apenas isto, mas devido ao crescimento acelerado dessa massa e a dificuldade de ser visualizado nos diversos exames de imagem de onde poderia estar partindo esse edema, foi realizada biópsia.” Complementa.

E o drama da família teve mais um elemento importante. A confirmação do diagnóstico do Matheus veio no mesmo dia em que estava marcada a cesariana da Isadora, segunda filha do casal Janaíne e Alessandro. "Além de todo o tratamento humanizado que recebemos no Hospital da Criança Santo Antônio, sempre foram muito corretos e transparentes conosco. Não esconderam nada e isso possibilitou que eu tivesse a confiança necessária na equipe médica para poder me manter calma. Sabia que se ficasse muito nervosa com a situação do Matheus poderia ter problemas no fim da gravidez da Isadora. Consegui ser forte e me manter tranquila. Depois que a Isa nasceu, já em casa, me cuidando do pós parto, nesse momento pude então desabar, lembro que chorei muito. Coloquei "para fora" tudo o que senti naquelas semanas intermináveis de exames e mais exames inconclusivos, dias de angústia no hospital esperando por uma resposta, por um erro do diagnóstico inicial, torcendo para que fossem só suspeitas, e por fim elas se confirmaram justo no dia em que eu estava no meu segundo parto, eu nem pude acompanhar a sua primeira quimioterapia", lembra Janaíne.

O diagnóstico veio positivo através da biópsia de uma parte da massa e logo o menino iniciou o tratamento. “Começou com quimioterapia pesada devido ao tamanho do tumor. Perdeu cabelo e demais pelos do corpo, teve muita retenção de líquido e enjoou bastante. Teve períodos que, de tão grande que estava a barriga dele, não conseguia nem se mexer na cama. Foi difícil, mas sempre mantivemos a força e a esperança”, diz a mãe.

A força da mãe e o suporte da família foram fundamentais. “Como eu não pude me fazer presente em todos os momentos, por ter minha recém nascida em casa para cuidar, tive a graça de ter além de amigos e parentes que me mantinham firmes com palavras de força e carinho, em especial minha mãe e minha irmã que me ajudavam e se revezavam comigo no hospital cuidando do Matheus.”

A cirurgia de retirada do tumor veio como uma opção após quatro meses do início do tratamento com quimioterapia, que parecia não estar dando muito resultado já que o diâmetro da barriga se mantinha igual durante esse período. Na cirurgia de grande risco se viu o tamanho do milagre que recebemos. A massa retirada já pesava 1,8kg, grande para um adulto e maior ainda quando se trata de uma criança que tinha cerca de 10 quilos na época. “Graças a Deus o tumor estava concentrado em uma bola dentro do rim, com poucas raízes e sem ligação com nenhuma veia ou parte vital do Matheus. Isso facilitou em muito sua remoção por completo e possibilitou a cura do nosso filho”, afirma Janaíne.

Após a recuperação da cirurgia, na qual Matheus também perdeu o rim onde estava o tumor, ele teve alta para seguir o acompanhamento, primeiro a cada três meses e, agora, de seis em seis meses. “Esse acompanhamento vai até o final de 2024. Vale ressaltar que tudo foi feito pelo SUS e não temos queixa nenhuma. Foi um tratamento que custaria mais de R$ 1 milhão e só temos que agradecer a todos que de alguma forma passaram pela nossa vida desde 2019” destaca a mãe. “Matheus começou a ir à escolinha neste ano. Está muito bem, ativo. É um menino muito especial. Acredito que ele tenha alguma missão especial para estar aqui conosco. Acho que as crianças passam ensinamentos para nós todos os dias. Só pensava que tínhamos que fazer o que precisava ser feito. Ele foi guerreiro. Queria viver e venceu. Mostrou ter uma força gigante. Além disso, mostrou o valor da família, de que o quanto é importante termos com quem contar quando precisamos”, salienta Janaíne.

Ela completa dizendo que “sei que a palavra câncer apavora. Isso ocorreu comigo também. Não é sentença de morte. Lá no hospital vimos vários casos, até mais complicados que o do Matheus, que terminaram em cura e felicidade. Não podemos nos deixar abalar, desistir nunca. Deus nos iluminou para que tudo corresse bem e hoje estamos muito felizes.”

Dia Internacional do Câncer na Infância

A data de 15 de fevereiro, criada em 2002 pela Childhood Cancer International(CCI) como Dia Internacional do Câncer na Infância, simboliza uma campanha global para conscientizar sobre o câncer infantil e expressar apoio às crianças e adolescentes com câncer, aos sobreviventes e suas famílias. O foco, em 2020, é a redução de fronteiras e o aumento do acesso aos cuidados e à cura.

A cada três minutos uma criança morre de câncer; a cada ano, mais de 300.000 crianças e jovens entre 0 e 19 anos são diagnosticadas com câncer em todo o mundo; aproximadamente 8 em cada 10 crianças vivem em países de renda baixa e média, onde a taxa de sobrevivência é de 20%.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio da Iniciativa Global para o Câncer na Infância, objetiva fazer com que esse tipo de câncer seja uma prioridade nacional e global, de modo a eliminar a dor e o sofrimento das crianças que lutam contra a doença e alcançar pelo menos 60% de sobrevivência para todas as que são diagnosticadas em todo o mundo, até 2030. Isso representa aproximadamente o dobro da taxa de cura atual, e poderá salvar a vida de mais de um milhão de crianças na próxima década.

Os tipos mais comuns de câncer infantil são leucemias (câncer dos tecidos produtores de sangue), linfomas (câncer do sistema linfático) e tumores cerebrais.

Enquanto muitos cânceres adultos têm sido associados a questões ambientais, ocupacionais ou de estilo de vida, como dieta, álcool e tabagismo, as causas da maioria dos cânceres infantis ainda são desconhecidas.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), crianças com os sintomas abaixo apresentam sinais de alerta para o câncer infantil e devem ser avaliadas por um médico:

– palidez, hematomas ou sangramento;

– caroços ou inchaços, especialmente se forem indolores, sem febre ou outros sinais de infecção;

– perda de peso inexplicada ou febre, tosse persistente ou falta de ar, suores noturnos;

– alterações nos olhos, como: pupila branca, estrabismo de início recente, perda visual, hematomas ou inchaço ao redor dos olhos;

– inchaço abdominal;

– dores de cabeça, especialmente se for incomum, persistente ou grave, vômitos (em especial pela manhã ou com piora ao longo dos dias);

– dor em membros como braços ou pernas, ou dor óssea, inchaço sem trauma ou sinais de infecção;

– fadiga, letargia ou mudanças no comportamento, como isolamento;

– tontura, perda do equilíbrio ou da coordenação.

Fontes:

Childhood Cancer International (CCI)

Instituto Nacional de Câncer

Kids Cancer Care – Canadá

World Health Organization

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