Criar estratégias para solucionar problemas financeiros, fazer um modelo de negócios, ampliar a área de atuação de uma empresa. As tarefas não eram voltadas para administradores, mas para estudantes que participaram da Olimpíada Internacional de Economia, no mês de julho, em São Petesburgo, na Rússia. Mesmo sem ter essa disciplina no currículo, dois estudantes brasileiros do ensino médio conseguiram trazer medalhas de ouro e bronze para o país. Com outros cinco membros na competição, o time brasileiro recebeu o Troféu de Melhor Equipe do Mundo.
Guilhermo Costa, 17 anos, morador de São Paulo, participou pela primeira vez da olimpíada de economia neste ano, mas já tem experiência em outras provas semelhantes, nacionais e internacionais, como as olimpíadas de física. Mesmo estreante, saiu com a medalha de ouro na prova. Segundo ele, o diferencial do exame de economia foi a dificuldade dos conteúdos cobrados. “Na prova de economia, você tem que avaliar se uma decisão de negócios faz sentido ou não, fazer uma apresentação oral em relação a isso, para convencer os jurados que fazem parte de uma renomada consultoria internacional. Então é uma prova menos conteudista, que me marcou”, comenta. “Eu pretendo participar novamente da olimpíada, seguir uma carreira em ciência da computação, porque combina a modelagem de matemática com a física, duas áreas em que me interesso muito, com uma parte mais prática de como pegar modelo matemático teórico e transformar em uma simulação que pode ser aplicada no mundo real”, destaca Guilhermo.
Medalhista de bronze, Rafael Akira, 17 anos, conta que já participou de competições semelhantes de informática, física, biologia e ciências, tanto no Brasil quanto no exterior. “Me interesso muito pelas áreas de engenharia aeroespacial e biomédica, também sou fascinado pela parte de programação que envolve inteligência artificial e machine learning [área que estuda meios para que máquinas possam fazer tarefas que seriam executadas por pessoas]”, disse Rafael, destacando que espera repetir a experiência no próximo ano.
Alunos do 3º ano do ensino médio do Colégio Objetivo Integrado, na capital paulista, Guilhermo e Rafael receberam orientações de vários professores, entre eles, Raphael Zimmermann. Para o professor, trazer o troféu de melhor equipe do mundo deve servir de inspiração para o país. “Esse prêmio veio muito a calhar, porque o Brasil passa por um momento de restrição econômica e é importante lembrar que temos muito potencial e falta colocar isso na mesa e fazer as coisas acontecerem.”
Realizado de 24 a 31 de julho, o evento reuniu estudantes de 24 países. Na prova, dividida em três fases, foram cobrados conceitos básicos de micro e macroeconomia, além de economia comportamental e finanças. O resultado final da Olimpíada Internacional de Economia classificou, em primeiro lugar geral, o Brasil; em segundo e terceiro lugares, dois times da China. A organizadora da olimpíada foi a High School Economics (HSE).
Olimpíadas trazem conhecimento e oportunidades profissionais
A participação de estudantes em olimpíadas de conhecimento abre portas profissionais e amplia oportunidades de estudo, mas não se limita aos alunos premiados. Na avaliação do diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Marcelo Viana, há ganhos em uma cadeia muito maior. “Uma olimpíada abre portas profissionais para os estudantes premiados, amplia os conhecimentos, mas é muito mais que isso. Você pega um município pequeno, onde as oportunidades são limitadas, e um estudante consegue uma bolsa em uma escola em outro município, ou continua seus estudos, são transformações extraordinárias”, destaca Viana, responsável pela organização da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). Ele afirma que as olimpíadas atingem um número imenso de estudantes e são importantes para que os alunos aprendam a gostar das disciplinas. “Não é uma competição, essas olimpíadas ensinam o gosto pelas disciplinas, no caso da Obmep, pela matemática”, afirma. Atualmente, mais de 55 mil escolas de todo o país participam da Obmep, em mais de 99% dos municípios brasileiros, segundo o diretor-geral.
Medalhista de ouro na Olimpíada Internacional de Economia, em São Petersburgo, na Rússia, Guilhermo Costa afirma que a participação nesse tipo de evento amplia os conhecimentos sobre o mundo e ajuda na escolha dos próximos passos da vida acadêmica. “Você acaba tendo conhecimentos que transcendem o nível do vestibular, como conceitos de Teoria dos Jogos, se aprofunda em outro nível, ainda no ensino médio, mesmo antes de entrar na faculdade. Acaba ajudando também a escolher qual carreira seguir”, afirma Guilhermo que, juntamente com Rafael Akira (medalhista de bronze na competição), conseguiu uma vaga para a Higher School of Economics, na Rússia.
Segundo Raphael Zimmermann, líder da equipe que foi campeã na Rússia, a oportunidade de estar em contato com pessoas cujos estudos vão gerar impacto na sociedade é interessante para os estudantes. “É uma grande oportunidade de estar formando conexões. Você acaba tendo contato com uma diversidade cultural muito grande, com uma visão de muito diferente, é muito valioso isso tudo.”
Obmep
Podem participar da Olimpíada de Matemática alunos inscritos em escolas públicas municipais, estaduais e federais, ou em escolas privadas brasileiras do 6° ao 9° ano do ensino fundamental e do ensino médio. As escolas fazem a inscrição e indicam quantos alunos irão participar da primeira fase. A inscrição é gratuita para escolas públicas e o custo para escolas privadas varia de acordo com o número de estudantes participantes. Este ano, os alunos inscritos para a 15ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep 2019) participam da segunda fase no dia 28 de setembro. A lista dos candidatos premiados será divulgada em 3 de dezembro de 2019.
Escolas públicas
Professores de matemática de escolas públicas podem participar do Programa Obmep na Escola que oferece uma bolsa para que docentes criem turmas especiais, com 20 alunos, para estudar matemática. Os selecionados recebem, durante sete meses, uma bolsa de R$ 765,00 que pode ser renovada de acordo com o desenvolvimento dos alunos. Atualmente, 900 professores e cerca de 18 mil alunos são beneficiados pelo programa.
Informações: Agência Brasil
Edição: Mery Regina Griebler
Guilhermo Costa, 17 anos, morador de São Paulo, participou pela primeira vez da olimpíada de economia neste ano, mas já tem experiência em outras provas semelhantes, nacionais e internacionais, como as olimpíadas de física. Mesmo estreante, saiu com a medalha de ouro na prova. Segundo ele, o diferencial do exame de economia foi a dificuldade dos conteúdos cobrados. “Na prova de economia, você tem que avaliar se uma decisão de negócios faz sentido ou não, fazer uma apresentação oral em relação a isso, para convencer os jurados que fazem parte de uma renomada consultoria internacional. Então é uma prova menos conteudista, que me marcou”, comenta. “Eu pretendo participar novamente da olimpíada, seguir uma carreira em ciência da computação, porque combina a modelagem de matemática com a física, duas áreas em que me interesso muito, com uma parte mais prática de como pegar modelo matemático teórico e transformar em uma simulação que pode ser aplicada no mundo real”, destaca Guilhermo.
Medalhista de bronze, Rafael Akira, 17 anos, conta que já participou de competições semelhantes de informática, física, biologia e ciências, tanto no Brasil quanto no exterior. “Me interesso muito pelas áreas de engenharia aeroespacial e biomédica, também sou fascinado pela parte de programação que envolve inteligência artificial e machine learning [área que estuda meios para que máquinas possam fazer tarefas que seriam executadas por pessoas]”, disse Rafael, destacando que espera repetir a experiência no próximo ano.
Alunos do 3º ano do ensino médio do Colégio Objetivo Integrado, na capital paulista, Guilhermo e Rafael receberam orientações de vários professores, entre eles, Raphael Zimmermann. Para o professor, trazer o troféu de melhor equipe do mundo deve servir de inspiração para o país. “Esse prêmio veio muito a calhar, porque o Brasil passa por um momento de restrição econômica e é importante lembrar que temos muito potencial e falta colocar isso na mesa e fazer as coisas acontecerem.”
Realizado de 24 a 31 de julho, o evento reuniu estudantes de 24 países. Na prova, dividida em três fases, foram cobrados conceitos básicos de micro e macroeconomia, além de economia comportamental e finanças. O resultado final da Olimpíada Internacional de Economia classificou, em primeiro lugar geral, o Brasil; em segundo e terceiro lugares, dois times da China. A organizadora da olimpíada foi a High School Economics (HSE).
Olimpíadas trazem conhecimento e oportunidades profissionais
A participação de estudantes em olimpíadas de conhecimento abre portas profissionais e amplia oportunidades de estudo, mas não se limita aos alunos premiados. Na avaliação do diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Marcelo Viana, há ganhos em uma cadeia muito maior. “Uma olimpíada abre portas profissionais para os estudantes premiados, amplia os conhecimentos, mas é muito mais que isso. Você pega um município pequeno, onde as oportunidades são limitadas, e um estudante consegue uma bolsa em uma escola em outro município, ou continua seus estudos, são transformações extraordinárias”, destaca Viana, responsável pela organização da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). Ele afirma que as olimpíadas atingem um número imenso de estudantes e são importantes para que os alunos aprendam a gostar das disciplinas. “Não é uma competição, essas olimpíadas ensinam o gosto pelas disciplinas, no caso da Obmep, pela matemática”, afirma. Atualmente, mais de 55 mil escolas de todo o país participam da Obmep, em mais de 99% dos municípios brasileiros, segundo o diretor-geral.
Medalhista de ouro na Olimpíada Internacional de Economia, em São Petersburgo, na Rússia, Guilhermo Costa afirma que a participação nesse tipo de evento amplia os conhecimentos sobre o mundo e ajuda na escolha dos próximos passos da vida acadêmica. “Você acaba tendo conhecimentos que transcendem o nível do vestibular, como conceitos de Teoria dos Jogos, se aprofunda em outro nível, ainda no ensino médio, mesmo antes de entrar na faculdade. Acaba ajudando também a escolher qual carreira seguir”, afirma Guilhermo que, juntamente com Rafael Akira (medalhista de bronze na competição), conseguiu uma vaga para a Higher School of Economics, na Rússia.
Segundo Raphael Zimmermann, líder da equipe que foi campeã na Rússia, a oportunidade de estar em contato com pessoas cujos estudos vão gerar impacto na sociedade é interessante para os estudantes. “É uma grande oportunidade de estar formando conexões. Você acaba tendo contato com uma diversidade cultural muito grande, com uma visão de muito diferente, é muito valioso isso tudo.”
Obmep
Podem participar da Olimpíada de Matemática alunos inscritos em escolas públicas municipais, estaduais e federais, ou em escolas privadas brasileiras do 6° ao 9° ano do ensino fundamental e do ensino médio. As escolas fazem a inscrição e indicam quantos alunos irão participar da primeira fase. A inscrição é gratuita para escolas públicas e o custo para escolas privadas varia de acordo com o número de estudantes participantes. Este ano, os alunos inscritos para a 15ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep 2019) participam da segunda fase no dia 28 de setembro. A lista dos candidatos premiados será divulgada em 3 de dezembro de 2019.
Escolas públicas
Professores de matemática de escolas públicas podem participar do Programa Obmep na Escola que oferece uma bolsa para que docentes criem turmas especiais, com 20 alunos, para estudar matemática. Os selecionados recebem, durante sete meses, uma bolsa de R$ 765,00 que pode ser renovada de acordo com o desenvolvimento dos alunos. Atualmente, 900 professores e cerca de 18 mil alunos são beneficiados pelo programa.
Informações: Agência Brasil
Edição: Mery Regina Griebler